Em cena são (Encenação) poema de Marlene Silva



Hoje descobri a cor do orvalho
é linda soube-me a àrvore, vi o seu galho
tocou-me cá dentro e fez maravilhas

Quis pôr-me a milhas mas não consegui o seu cheiro era mais forte
Contive a minha vontade
contive o meu desejo

Hoje conheci a forma como o plástico se contorce cada vez que o fogo se aproxima
muxima que grita mudamente e nem sei se fôlego tem
corria dançava, cheirava à folha molhada
E vi as cortinas fecharem-se depois do espetáculo

Sim,

Porque era tudo encenação,
O sorriso, o olhar,
até o falar a gaguejar
o pestanejar meio descoordenado
o corar das buxexas
E as luzes terminavam o efeito
o enfeito

Pontapé de entrada socorrido
corridas as horas a sensação é de alívio
alivia o bolso, a mente, as pernas, a sensação permanente

Alivia os arquivos e as actualizações
de um modo que não concede em comparações, não se reduz a tanto


Sem estragos, mobiliário intacto
Amigo tempo que teve bom tato

Reencontro, células mortas bem esfolhiadinhas
momento muito mais propício para a alma



Escrito por: Marlene Silva
20Jun11

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